Moda Inclusiva

Nesta área do Blog, falaremos sobre um novo olhar… Uma moda abrangente, humanizada, não segregadora mas, acolhedora… A Moda Inclusiva já é um foco de estilistas na Europa e Estados Unidos. O Brasil começa a despertar para a idéia e vislumbrar este tipo de vestimenta não só como parte  de um processo de Inclusão mas também, como uma boa oportunidade de negócios. Quando falamos em moda, falamos em linguagem da imagem. Uma assinatura daquilo que somos, ou a que viemos… Essa linguagem deve ser permitida a todos: altos, baixos, brancos, negros, adultos, crianças, idosos, magérrimos ou não, e Pessoas com deficiência. A moda da qual falamos deve ser democrática e Inclusiva. Uma moda voltada para as necessidades de PcD. Mais do que rampas, autonomia no vestir, auto estima gerada por esta autonomia. Respeito a diversidade… Respeito  às várias formas de enxergar, de caminhar, de ouvir, de sentir! Sejam bem vindos e compartilhe desse novo olhar conosco!

Kica de Castro – Saiba como funciona:agência de modelos focada na Moda Inclusiva

Retomamos nossos posts e, nesse período de semana da moda carioca com três grandes eventos acontecendo, abriremos o ano falando sobre a Agência da Kica de Castro. Temos acompanhado os desfiles (amamos as semanas de moda!!), as novas tendências, o artesanal que tem sido levado para as passarelas (vamos postar sobre) mas, ainda sentimos demais o fato de que a moda ainda não faça uso de uma linguagem abrangente, sem barreiras, acessível – pessoas cegas ainda não tem a audiodescrição nos desfiles e, na cobertura de sites, não há descrição de imagens nas fotos para que tenham acesso pleno às tendências da próxima estação. O casting dos desfiles apresenta um padrão de beleza que não foca em momento algum a moda inclusiva e real – plus size, pessoas com deficiência ou qualquer outro padrão que não seja compatível com o que as passarelas ditam.
Fizemos uma entrevista com a fotógrafa Kika de Castro em dezembro e, decidimos postar  justamente numa das semanas de moda mais importantes do país: Fashion Rio, Rio Fashion Business. Para que? Simplesmente para refletir sobre nossa realidade, sobre os conceitos de padrão de beleza pregados, sobre o direito que todos tem de se expressar através da linguagem da imagem – a MODA, que a semelhança de tudo na vida, deveria ser acessível.
Conheça a agência da Kica, focada na diversidade e na inserção de modelos com algum tipo de deficiência no mercado de trabalho. Em 2008, a fotógrafa firmou parceria com uma agência em Berlim, a Visable e, tem feito desfiles por todo o país.
Descrição de Imagem -A logomarca da agência de modelos – em primeiro plano seu seu nome escrito do lado esquerdo : Kica de Castro. Em segundo plano, desenho em preto e branco de uma máquina fotográfica ao lado direito do nome, traços finos e, a  letra “o” do sobrenome da fotografa é substituída pelo desenho da lente da máquina fotográfica.
DMA – Kica por Kica:
KC – Vamos lá: nasci no dia 11 de março de 1977. Agora em 2011 vou completar 34 anos.  Sou de São Caetano do Sul, grande ABC de São Paulo. Sou graduada em comunicação social com ênfase em publicidade e propaganda e pós graduada em fotografia. Sou bem tranqüila, e não gosto de ver injustiça. Quando estou certa, luto pelo que acho justo. Não mando recado, falo o que penso e quando não gosto não sei disfarça. Quando estou no trabalho, me foco nos objetivos. Sou caseira e amo a minha família. Amo ficar em casa com eles e amigos. Sempre morei em São Paulo. No futuro quero ir para o interior, de São Paulo mesmo, para ter ar puro e tranqüilidade. Sair do caos na aposentadoria é um dos meus objetivos. Gostaria de viver até uns 100 anos para acompanhar toda uma evolução da humanidade que esta por vir. Só espero que o preconceito não demore muito para acabar. Essa com certeza vai ser a grande evolução da humanidade.
DMA – Defina seu trabalho para nossos leitores…
KC – Sou fotógrafa e tenho uma agência de modelos para pessoas com alguma deficiência. Em 2003 fazia fotos para resgate da auto estima, hoje estamos profissionalizando os agenciados para esse mercado.
DMA – Beleza para as lentes de Kica de Castro é…
KC - Ser o mais natural possível. Não gosto e nem uso photoshop nas fotos de meus modelos. Tenho o maior orgulho quando recebo um elogio falando da beleza das modelos, pois sei que estão sendo reconhecidas pela beleza real e não por um padrão que a sociedade impõe por computação gráfica. Um padrão que só existe virtualmente.
Descrição de imagens: Modelo Maraísa Proença. Foto em preto e branco, a modelo morena está em pé, cabelos presos, brincos grandes em formato  de argola, trajando vestido com decote que valoriza seu colo. Suas mãos seguram uma espécie de rede que fica em primeiro plano fazendo todo o cenário da foto. A mão direita abre parte da rede mostrando seu rosto. Maraísa é amputada.
DMA – Como foi o processo até você iniciar a arte da fotografia focando PcD?
KC – Durante alguns anos atuei com publicitária. Entre 1995 a 2000. No ano de 2ooo, após a minha formatura resolvi investir no que até então era apenas uma paixão, fotografias. Comecei fazendo registros sociais (casamentos, batizados, aniversários, books …) e corporativos. No ano de 2002 recebi o convite para ser chefe do setor de fotografias de um centro de reabilitação para pessoas com alguma deficiência física. Literalmente caí de pára-quedas. Os três primeiros meses foram os mais complicados, não tinha experiência e nem alguém para orientação. Aprendi ali no dia a dia, estudando termos científicos e perguntando ao corpo clinico e terapeutas. No inicio o foco eram só fotos com caráter cientifico, para prontuário medico e artigos científicos. Fotos de frente, costa e as duas laterais, ao lado uma placa com o número do prontuário. Os pacientes não gostavam, afinal além de remeter para fotos de “presidiários” era muito invasivo na privacidade, uma vez que as fotos eram na grande maioria apenas com peças intimas focando a deficiência. Para o corpo clinico esse registro é muito importante, mas não ajudava nada na auto-estima. No ano de 2003 resolvi resgatar essa auto-estima com fotos. Levei para o setor acessórios: bijuterias, espelho,  maquiagem, pente, gel… transformei aquele setor em um estúdio fotográfico. O gelo foi quebrado e os pacientes ficavam mais soltos. Eles começaram e me procurar de forma particular para fazer book, no qual eu cobrava apenas o preço de custo. Motivados com o book, questionaram sobre oportunidades no mercado de trabalho como modelos. Incentivei a procurarem as agências de modelos. Para a minha surpresa, ou melhor, não foi nenhuma surpresa, todas as respostas eram negativas e desmotivadoras … “não temos nada para o seu perfil, creio que não existe mercado para pessoas com esse perfil”… Fiquei chocada com o preconceito. Comecei uma pesquisa e muitos resultados achei na Europa. Alemanha concurso de beleza, “A mais bela cadeirante”. Não é totalmente inclusivo, afinal cadê as demais patologias e o sexo oposto, mais já era um começo. Na França e Inglaterra, reality show, estilo BBB e No Limite, só com pessoas que tenham algum tipo de deficiência, bem mais inclusivo, mais ainda faltavam as pessoas sem deficiência para a interação.  Motivada com esses resultados e a empolgação das meninas , em 2007 resolvi sair do centro de reabilitação e abri uma agência de modelos só para pessoas com alguma deficiência, considerada até hoje a única do Brasil. Desde então, começamos a ter mais oportunidades dentro desse mercado de trabalho, pessoas com deficiência sendo reconhecidas pela sua beleza e sensualidade e se é para falar de inclusão, que seja num todo. E a beleza faz parte da inclusão, não pode ficar de fora.
Modelos na passarela:  Carina Queiróz, de Salvador, paraplégica, 30 anos, recém casada, na agência de Kica desde 2009 e, Jane Freitas, de Goiânia, amputada, casada, jogadora de vôlei sentada e pela primeira vez subiu a passarela pela agência de Kica, que destacou seu belíssimo desempenho em postura e beleza.
Descrição de imagens: Na foto do desfile as duas modelos aparecem em primeiro plano, numa passarela. Do lado esquerdo da foto, em sua cadeira de rodas Carina, trajando vestido preto, cabelos loiros, longos e elegantemente presos com um arranjo vermelho, nos pés polainas rosas e sacarpins amarelos. As cores dos acessórios trazem alegria para o vestido preto básico. Ao seu lado, em pé, com a mão direita na cintura, a modelo Jane usa vestido tomara que caia azul, amplo, deixando sua prótese aparente, combinado com um colar vermelho. Nos pés, sapatilhas rasteiras na cor bege e meias coloridas (rosa no pé direito e verde na prótese) conferindo um look irreverente. Os cabelos loiros estão presos com arranjo vermelho.
DMA – Hoje sua agência é a única no Brasil com esse foco. Como sua proposta tem sido recebida pelo mercado?
KC – No começo o preconceito foi muito grande, mas hoje conseguimos provar com as fotos e profissionalismo que as modelos da agência não deixam a desejar para nenhuma das modelos ditas normais. E que existe beleza na diversidade. Tem uma frase do Dr. Ivo Pitanguy e acho que ela resume bem a nossa proposta: “ a beleza não sei definir, mas a reconheço quando vejo”.
DMA – Como é o processo de seleção dos seus modelos? Quais os quesitos para compor seu casting?
KC - Não são diferentes dos convencionais, de uma agência para pessoa sem deficiência. A pessoa com deficiência precisa estar qualificada para esse mercado: curso de postura, expressão corporal, etiqueta, auto maquiagem … Tenho esses profissionais que são parceiros da agência para qualificar. É obrigatório a pessoa ter o estudo de acordo com a idade. No mínimo a pessoa tem que chegar ao 2 grau. Estudar é fundamental para entrar na agência. Cuidados com a saúde e alimentação. A pessoa tem que ser vaidosa, ter uma atividade física, cuidar do corpo é muito importante. O esporte além de ajudar o físico ajuda o mental. Dentro da agência existem as classificações: modelo de passarela, modelo fotográfico, promotoras de evento … Dentro dessas classificações a pessoa precisa fazer o curso para entrar no mercado. Quando o candidato entra na agência, existem regras a serem cumpridas: beber com moderação, de preferência não fumar, se fumar ter um dentista para futuras clareações … Cortar o cabelo e tatuagem tem que ser avisado antes, para poder tirar as fotos de circulação antes de fazer esse processo. Isso é importante ressaltar, afinal se o cliente aprova o perfil por foto e mandei a mesma com uma determinada aparência física, não posso mandar para um teste o oposto do que foi aprovado por foto.
Descrição de Imagens: na passarela com sua cadeira de rodas a modelo Caroline Marques, morena, pernas cruzadas, cabelos presos em coque elegante, brincos compridos, vestido todo branco, curto, com babados delicados e nos pés,  sacarpins brancos. A modelo está sorrindo.
DMA – O que considera como a maior dificuldade para inserção desses modelos no mercado de trabalho atual?
KC - Ainda enfrentamos muito o preconceito.  Existem no Brasil cerca de 30 milhões de pessoas com alguma deficiência e o mercado ainda não vê essas pessoas como consumidores.
DMA – Você, como fotógrafa, consegue viver só do retorno financeiro da agência?
KC - Infelizmente não. Faço muitos eventos sociais e corporativos, minha demanda são casamentos e corporativos,  também os book de modelos sem deficiência.
DMA - E um modelo com deficiência, consegue manter-se só como modelo no mercado atual?
KC - Tenho pouquíssimos casos de modelos que vivem tão exclusivamente desse mercado. Por isso que incentivo a pessoa a ter outra profissão. Ainda tenho que trabalhar com modelos free lancer “um bico”, mas isso está mudando aos poucos. A questão da beleza e sensualidade da pessoa com deficiência não tinha sido explorada antes do surgimento da agência e, como de uma certa forma a agência é recente, os resultados não aparecem imediatamente. Mesmo com pouco tempo, temos resultados bem gratificantes, como alguns desfiles inclusivos (pessoas com e sem deficiência) na mesma passarela. Alguns desfiles de moda inclusiva, que são roupas adaptadas.
DMA – Em trabalhos realizados, inserindo os modelos de seu casting, você percebe inclusão total e de fato? Há realmente igualdade nas oportunidades – cachê, visibilidade, exposição de nome do modelo e agência, acessibilidade nas instalações?
KC- Faltam muitas coisas para conquistar nas questões de acessibilidade, buracos nas ruas, falta de rampas … As oportunidades ainda não são de igual para igual. A quantidade de modelos com deficiência na passarela não é na mesma proporção que modelos sem deficiência. A porcentagem é bem menor. Na maioria, temos nos desfiles inclusivos entre dois e um modelo com deficiência no meio de 30 sem deficiência. Mas isso está mudando. Algumas mídias não valorizam o modelo com deficiência e sim, a patologia. Muito comum ver: Foi realizado um desfile com pessoas com necessidades especiais … ou ainda … desfile de portadores de deficiência. Primeiro que essas terminologias não são corretas. O correto é usar o termo “Pessoas com deficiência” (PcD). Muito raro ver o nome desses modelos na mídia. Um exemplo: em um desfile recente, foi publicado o nome do artista e a patologia do modelo. O ator “X” na passarela com a menina cega. Achei isso um absurdo! Mesmo por que o evento teve a preocupação de chamar o modelo com deficiência à passarela pelo nome e tinha um telão onde constava o nome do mesmo por escrito. Achei isso um tremendo pouco caso e falta da valorização da pessoa com deficiência como profissional. Existem pessoas que organizam eventos valorizando o assistencialismo e não pelo profissionalismo. Pegam a pessoa com deficiência e colocam na passarela, isso é errado. A pessoa com deficiência quer igualdade e respeito, ser reconhecida pelo seu talento e para isso eles correm atrás das oportunidades. Isso eu cobro: objetividade, determinação e organização.
DMA – Existe uma linha muito tênue entre inclusão de fato e ação de marketing para divulgação de uma marca ou, puro assistencialismo. É possível definir no decorrer de uma negociação se o trabalho contratado está realmente focando numa inclusão real e total? Qual é sua postura em relação a isso?
KC – Não podemos negar que muitas das oportunidades surgem com campanhas sociais e de “responsabilidade social”. Nossa única preocupação  é fazer uma campanha que não seja voltada para vulgaridade e que de fato valorize a pessoa com deficiência como ser humano e profissional.
DMA – Fotografia e auto estima, qual a relação?
KC – Mesmo que seja para um registro pessoal, a pessoa tem todo um cuidado, um contato maior com a sua vaidade, estar bem vestido, penteado e maquiado. Ter esses minutos de vaidade antes da foto, faz a pessoa de sentir bem, mais confiante e bonita. Após ver o resultado do registro fotográfico, a pessoa fica feliz. E a felicidade reflete na beleza. A melhor maquiagem que o ser humano pode ter é o sorriso, ele transforma o físico, emite um brilho no olhar  que reflete na pele… isso aumenta a estima.
DMA - Quais as técnicas e inspiração usadas num trabalho tão diferenciado e que faz você se destacar?
KC – As técnicas fotográficas são as mesmas utilizadas por outros fotógrafos. Simplesmente retrato as pessoas como elas são. Nos books a maquiagem é a mais natural possível, procuro um figurino adequado para cada perfil e uso os aparelhos ortopédicos (muletas, cadeira de rodas, próteses, bengalas…) como acessórios de moda. Exploro ângulos e poses.
Modelo: Paola Klokler, MFC (má formação congênita). Nasceu sem um membro inferior (perna). É atleta de basquete em cadeira de rodas, dançarina do ventre e modelo fotográfico da Agência de Kika. Suas fotos fazem parte do Casting internacional, fruto da parceria com a agência de Berlim  Visable
Descrição de imagens: Na primeira foto a modelo loira, pele clara e olhos claros está sentada, trajando vestido com estampa estilo tribal, predominando os tons de azul, laranja e cinza, pés descalços, com o cotovelo esquerdo apoiado em sua prótese, mão no rosto e mão esquerda também na prótese, projetando o corpo para frente. Na segunda foto a mesma modelo está sentada no chão, sobre a perna direita, trajando roupa azul royal característica de dança do ventre, a prótese que substitui a perna esquerda está a frente, dobrada, com a mão direita apoiada sobre ela.
DMA – Que momento de sua trajetória você eternizaria (ou eternizou) em uma fotografia?
KC – Na história da humanidade, a evolução é algo que existe de fato. Em todos os requisitos: tecnologia, medicina e claro a beleza. Estou eternizando justamente essa parte da história – a pessoa com deficiência sendo referência de beleza e sensualidade.
DMA – Claro que antes de entrevistar uma pessoa especial, procuramos saber mais sobre ela… (rsrs) Pode apresentar a Malu para nossos leitores?
KC – A Malu vai comigo para tudo que é canto, sempre estou com ela. Uma companheira fiel, digamos que minha filha mesmo (rs). Quando gostamos de alguma coisa, damos nome, eu pelo menos sou assim, dou nome para tudo que gosto. Sendo assim, a minha câmera fotográfica recebeu o nome de Malu (rs). Não deixo ninguém “nem respirar” perto dela, não vendo, não empresto … Só eu a uso. Nem adianta insistir!
DMA – O céu é o limite? Qual é o céu da Kica? Onde ela quer chegar?
KC – Quero a galáxia (rs). Um dos meus objetivos e conseguir a capa da Playboy. Ver uma das meninas sendo ali retratada, não necessariamente eu como fotógrafa. Se isso acontecer de fato a palavra inclusão vai ter o seu sentido mais amplo.
DMA – Planos para o futuro, pode compartilhar conosco?
KC – Estou com um projeto bem bacana com uma amiga de Goiânia, a Rafaela. Mais todos vão ter que esperar um pouquinho (rs).
DMA – Algo que não perguntamos e que gostaria de falar?
KC – Tive a oportunidade com essas perguntas de expor todos os meus pensamentos e objetivos. Grata pela oportunidade. E vamos que vamos!
Eu, Lu, Editora do Blog, amante de uma moda que comporta todo o exposto acima, fiquei extremamente feliz pela oportunidade de entrevistar a Kica. Esse já era um desejo desde esta matéria aqui. Suas respostas nos fazem acreditar numa sociedade mais humana, profunda, nos fazem ver a beleza como ela deve ser vista: sem paradigmas , preconceitos, formatos prévios ou padrões estabelecidos que tendem a nos tornar limitados, equivocados…
Quero encerrar a matéria com a frase mencionada por Kica do Dr. Ivo Pitanguy : “A beleza não sei definir, mas a reconheço quando vejo” . Veja o belo com as bases da inclusão – além dos olhos, com o compartilhar permitido pela descrição de imagens atentando para detalhes, com o coração voltado para entender outras realidades, com os ouvidos, com os aromas. Vamos exercitar mais nossos sentidos! Sair do superficialidade que os padrões ditados nos condicionam… E se isso ainda for pouco (o que não acredito) vamos cumprir leis, tornando a sociedade mais justa, inclusiva, acessível e melhor para se viver.
Kica, obrigada por compartilhar conosco e tenha o Duas Moda e Arte como parceiro na divulgação da Moda Inclusiva.
Contatos:
Kica de Castro
E-mail: kicadecastro@gmail.com
Telefone: + 55 11 8131-0154
13/01/2011
Post por Lu Jordão

 

Moda Inclusiva – Os relatos de quem espera por ela…


Descrição de Imagens: Foto da campanha da grife Wheelie Chix Chic, que cria roupas super estilosas para mulheres que usam cadeira de rodas. Na foto uma modelo cadeirante, loira, cabelos compridos cacheados, sentada na escada de concreto de uma casa antiga. Ela traja um vestido longo estampado em tons de verdes e marrom, um casaco de linha bege e botas marrons. Ao lado da modelo, aparece desfocada, parte de sua cadeira de rodas.
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Recebi o mesmo e-mail de duas pessoas muito, muito especiais – Paulo Romeu do Blog da Audiodescrição (http://blogdaaudiodescricao.blogspot.com/) e Marta Gil ( http://www.amankay.org.br ) – os dois sites são ricos demais! Não deixe de visitar. O e-mail mencionava um texto publicado no Jornal Zero Hora, Caderno Donna, de Porto Alegre.
Sobre tudo que já li, pesquisei, busquei (e tenho muito ainda a aprender, muitas pessoas a ouvir…), este texto é esclarecedoramente o “x” da questão da Moda Inclusiva. Ele responde “o porquê”, “o para quem”,  ”o como” e “o quando” fazer uma moda verdadeiramente democrática e inclusiva. Responde da maneira mais viva, mais doce, mais simples e mais real que qualquer texto meu poderia responder. Responde com clareza real! A realidade de quem espera que o mundo fashion dê pequenos passos em sua direção. Pequenos para nós e enormes para gerar independência no ato de se expressar pelo vestir. Tornar esta moda realmente democrática como nós fashionistas pregamos… Leia e se entregue a esse movimento de Incluir. Incluir é legal, justo e faz bem para quem inclui e para quem é incluído. Permita-se conhecer novas realidade e novas necessidades.
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07 de novembro de 2010
Jornal Zero Hora
Caderno Donna
A vaidade de quem não vê
Àqueles de percepção limitada, as cores na cegueira não existem.
De fato, os cegos enxergam um vazio neutro, meio cinza, que não é preto, nem branco. Alguns percebem a luminosidade do dia, caso de Inês Seidler. Outros só sabem que a noite chegou porque o calor do sol foi embora. É assim para a pedagoga Denise Pacheco.
Apesar da restrição visual, eles percebem o mundo colorido. Deliciosamente vivo, como é para outra cega, Andréia Coelho. Denise, Inês e Andréia têm suas cores preferidas: verde, rosa e azul, respectivamente. São vaidosas, gostam de brincos, colares, salto alto e cores… Muitas cores!
Denise conta que seria mais triste se não passasse seu batom vermelho pela manhã, não escolhesse um dos brincos da coleção com 15 peças, e seguisse para o trabalho na Associação Catarinense Para Integração do Cego (Acic). Lá, é conhecida como uma mulher elegante. Foi dela a idéia de fazer o primeiro curso de automaquiagem para cegos em Santa Catarina:
- Foi muito gratificante. Muitas mulheres nunca tinham tocado o rosto. Descobriram-se no curso.
Cega desde os seis anos, Denise gosta do verde porque lembra de uma sandália verde-limão que tinha e amava. A pedagoga defende a autonomia dos cegos. Não acredita que os deficientes visuais precisem de uma moda específica: etiquetas em braille, que possam informar sobre cores e tipo de lavagem necessária à peça, são suficientes.
- Nosso corpo é como o de todo mundo. Cada um deve descobrir como escolhe e guarda suas roupas. Eu costumo fazer cortes diferenciados nas etiquetas para identificar cores. Na hora de comprar, vou pelo tato - diz.
Eliana Gonçalves, coordenadora do curso de Moda na Udesc, concorda com Denise. Acredita que grifes devem investir em peças mais fáceis de vestir, com menos abotoamento:
- A moda deve ser mais funcional para os cegos. Mas esteticamente não tem por que ser diferente. A deficiência visual não os impede de receber informações sobre moda, apenas a consomem de outra maneira.
Eliana desconhece marcas que tenham coleções que levem em conta a deficiência visual, disponibilizando, por exemplo, etiquetas em braille. Ela ressalta que o investimento é alto e envolve a cadeia de produção. Por isso, uma coleção para cegos deve ser bem pensada.
CRISTINA VIEIRA

Descrição de Imagens: Foto da campanha da grife Wheelie Chix Chic, que cria roupas super estilosas para mulheres que usam cadeira de rodas. Na montagem quatro fotos do desfile da grife com duas modelos cadeirantes. Nas duas primeiras fotos, uma modelo loira, com os cabelos presos em um coque elegante e trajando um vestido branco longo. A primeira foto a mostra de frente, corpo inteiro desfilando na passarela e a outra, mostra os detalhes do coque e da gola imponente do vestido de costas. Nas duas últimas fotos, uma modelo morena, cabelos ruivos presos em um coque, trajando um minivestido bege com flores estampadas em vermelho com uma faixa preta abaixo do busto e uma leagin preta. Na primeira foto a modelo aparece de perfil num close de seu rosto. Na segunda aparece desfilando na passarela com sua cadeira de rodas.
Rosa é a cor de Inês
Inês Berlanda Seidler, 31 anos, nasceu cega. Não sabe como são as cores. Mesmo assim, responde rapidamente qual é a cor preferida: rosa. O gosto é influência de Alice, 9 anos, a filha que enxerga perfeitamente. Também uma herança cultural, que tem no rosa a tonalidade destinada às meninas.
A vaidade de Inês é discreta. Gosta de acessórios sem extravagância, como brincos pequenos e colares com pingentes. Para as roupas, costuma usar uma peça de cor forte combinada a outras em tons neutros. Ao tocar os detalhes das peças, sabe a cor das roupas.
- Tenho medo de vestir cores que não combinam. Não é porque sou cega que não vou cuidar da minha aparência – comenta.
Alice é sua consultora de moda, quem diz a Inês se a roupa ficou bonita. Também é a menina quem maquia Inês, basicamente sombra e blush. O batom, a mãe passa sozinha.
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Eu, Lu, complemento registrando que nunca devemos assumir o papel de super heróis que precisam salvar as Pessoas com Deficiência (PcD) de todas as suas dificuldades e barreiras… Não é essa a postura que eles esperam da sociedade. A postura da sociedade deve ser a Inclusão – incorporar em seu dia a dia atitudes e práticas que contribuam para a acessibilidade, o que vai garantir a todos, igualdade de oportunidades – no vestir, na cultura, na educação, na vida profissional. O direito a vida independente e o direito de fazer suas próprias escolhas, precisa ser respeitado. E para isso, conheça novas realidades, novas formas de sentir, de agir… Isso vai gerar novas e ricas possibilidades para todos! Isso é incluir… Divida seu universo com pessoas que têm universos diferentes do seu e pergunte a elas sobre sua rotina, sua vida. Sem medos, sem receios… Simples assim.
17/11/2010
Por Lu Jordão.



Vitória Cuervo – Moda e Inclusão em Porto Alegre

Quando encontramos a fusão da moda com design perfeito aliado ao movimento de inclusão – a Moda para Todos, que visa ética e estética – não podemos deixar de divulgar. Quando isso acontece no Brasil, mais orgulhosas ainda ficamos. Temos feito diversas matérias sobre o movimento da moda na direção da inclusão, com conceitos que visem as necessidades de Pessoas com Deficiência (PcD) e muitas destas matérias são de estilistas de fora do país.Vitória Cuervo é brasileiríssima, de Porto Alegre. Lançou sua coleção no evento de moda mais importante do Sul – o Donna Fashion Iguatemi. O que a coleção da estilista tem de diferente? A Inclusão. Ela tomou a iniciativa de convidar para compor seu casting a jornalista Juliana Carvalho, cadeirante que escreve o Blog http://www.comediasdavidaaleijada.blogspot.com/, e desfilar em sua passarela. E Juliana destacou-se na passarela, linda e vestindo um modelo que lhe caiu perfeitamente bem, em condições de igualdade com as demais modelos que representavam a coleção de Vitória. Assistam ao desfile.

Claro que não poderíamos deixar de entrar em contato com Vitória Cuervo e ouvir dela sobre a essência de sua moda.
DMA – Vitória, o que levou você a convidar uma modelo com deficiência para sua passarela?
VC – Fiz meu trabalho de conclusão da faculdade de moda (Feevale) sobre esse tema, orientada pela professora de modelagem Daiane Pletsch Heinrich, que fez seu doutorado em Ergonomia no Vestuário. Fiz um estudo pra entender as implicações e limitações do vestuário para mulheres cadeirantes. Eu sempre tive curiosidade em saber como essas pessoas lidam com a questão moda e vestuário, se rola interesse pelo assunto, se usam ou gostariam de usar. Daí fiz um estudo super aprofundado sobre o assunto e entrevistei várias mulheres e foi quase unânime o interesse pelo assunto e claro, a dificuldade de encontrar produtos que unem conforto e estética.
DMA – Como foi recebida essa sua atitude pelo meio?
VC - Acho que as pessoas ficaram surpresas e emocionadas. Infelizmente este público é na maioria das vezes esquecido. Mas elas também querem e DEVEMconsumir produtos com conceito de moda. A roupa e o estilo dizem tanto de uma pessoa, mas se ela não tem acesso a isso, como se expressar através dela?
DMA – E a mídia, como recebeu esta atitude?
VC – A mídia tem interessado-se por ações relacionadas a inclusão. Certamente quando a inclusão é praticada, agrega-se valor ao que se faz. Aos poucos vou conseguindo mostrar meu trabalho e ao mesmo tempo como pode ser tão simples e tão gratificante ver uma pessoa que já tem tantas barreiras no dia-a-dia, poder ter acesso a algo tão presente na vida de todos hoje em dia, que é a moda. Participar disso, usufruir, se sentir bonita.
DMA – E a Juliana, como foi essa parceria inclusiva entre a jornalista que desfilou e a estilista Vitória?
VC – A Juliana foi uma das mulheres que entrevistei durante o TCC. Temos vários amigos em comum e foram eles que haviam me indicado ela. Ela ficou linda no desfile, fiquei surpresa quando vi o vídeo e ela entrando e posando tão lindamente, com tanta facilidade. E ela adorou fazer parte disso, adorou a roupa que fiz pra ela.
DMA – Como a Vitória define sua moda?
VC – Chique, divertida, contemporânea, vanguarda.
Conheça a coleção de Vitória Cuervo que teve inspiração no conceito da moda africana. Vitória usou tecidos africanos, as capulanas – panos tradicionais usados pelas mulheres locais para cobrir o corpo, como saias, no tronco ou como turbantes. A riqueza de cores e motivos constitui-se numa característica da riqueza cultural africana. Dentro deste conceito houve a mistura de estampas, uma das tendências fortes do verão, mistura de texturas e recortes com curvas abaloadas que provocaram um efeito encantador. Vitória fez um delicioso trabalho com técnicas de patchwork trazendo incrível harmonia na base preta, misturada às diversas estampas africanas num mesmo modelo. Os zíperes foram usados em locais estratégicos, permitindo uma brincadeira versátil de cores e estampas. Uma coleção rica em detalhes, formas, cores, cultura e INCLUSÃO. Moda e arte totalmente inclusiva e humana na passarela da estilista.
Créditos:
Fotos: Pedro Cupertino e Diego Vara
Calçados: Gentilmente cedidos pelo designer de calçados  Jailson Marcos http://www.jailsonmarcos.com/ , que abordaremos em uma outra matéria. Seu trabalho é encantador, com pegada artesanal e status de alta costura o que rende modelos conceituais, nada comerciais e que gritam por sua exclusividade. Visite o site! Eu fiquei apaixonada pela pegada artesanal chiquérrima!! As sandálias especiais parecem verdadeiras esculturas! Parei! Ou faço outro post aqui mesmo…. rs
Contatos de Vitória Cuervo:
Página no Facebook:
http://www.facebook.com/pages/VitoriaCuervo/169471529732963
Sigam a estilista no Twitter: http://twitter.com/#!/vicuervo
E-mail: vicuervo@gmail.com
Telefone: (51)9956.0151
Vitória, desejamos que sua moda ganhe o mundo, seguindo com suas bases – moda chique, contemporânea, vanguarda e inclusiva. Conte conosco aqui no Rio de Janeiro e mantenha nossos leitores informados sobre sua criação. Amamos falar sobre seu trabalho!
18/10/2010
Post by Lu Jordão


Moda Inclusiva, a moda que inclui, aprovxima e valoriza as pessoas
Lu Jordão para Coletivo Verde (www.coletivoverde.com.br)

Moda e deficiência, duas palavras que normalmente não se encontram, tornaram-se um dos desafios da moda – o novo olhar, para dar origem a um vestuário que visa estética funcional aliada a peças ergonomicamente projetadas para todo tipo de necessidade, sistema de abertura previsto para fácil circulação e mobilidade… Tornar a moda acessível e tátil – etiquetas em Braille (a moda nãos mãos de todos!), fechos de velcro e imãs, tecidos confortáveis. Você já havia refletido sobre isso? A inclusão começa quando pensamos sobre ela.
Segundo a OMS (Organização Mundial de Saúde), em torno de 10% da população mundial é de Pessoas com deficiência (PcD). O que para a maioria é fácil, prazeroso e simples, para PcD, o vestir-se é um desafio. Expressar individualidade e personalidade no modo de vestir sem que suas necessidades estejam presentes na indústria da moda, é um ato de bravura e persistência, tanto quanto precisar de acesso a algum lugar onde só há escadas… Ou, querer muito ler um livro que não esteja disponível em Braille…
Mostrando como essa moda sai da teoria para a prática, vamos falar sobre Chris Ambraisse, estilista e criador da grife francesa A&K Classics . Um exemplo do exposto acima. Eco moda com inclusão total, aliando design às necessidades de PcD.
Chris teve contato com a moda desde menino. Certo dia uma jovem mulher numa cadeira de rodas, observava um desenho que Chris fazia no metrô. Ela falou sobre sua paixão por moda e o quanto sentia por ser tão difícil uma pessoa com mobilidade reduzida conseguir vestir-se com estilo. As roupas sempre tinham que ser adaptadas ou o básico dos básicos, aquilo que tinha acesso. A jovem o estimulou a desenhar uma coleção para PcD. Pronto! A semente da inclusão estava plantada.


Chris iniciou pesquisas sobre o assunto e não conseguiu mais parar. Após reuniões com Pessoas com deficiência, fisioterapeutas e associações, vários esboços de roupas apropriadas às necessidades de PcD, com design limpo, moderno e estiloso surgiram. A partir de um financiamento do Fundo Social Europeu, surgiu sua primeira coleção de moda inclusiva, com 30 looks desfilados em 2007 por modelos com e sem deficiência em condições de igualdade.
Em 2008, nova coleção e desta vez com tecidos reaproveitados… A grife Cacharel, que desprezaria o seu resíduo têxtil, destinou-o para Chris, que desde então, lança mão do reaproveitamento de tecidos para gerar coleções sustentáveis.
Assim Chris definiu sua moda numa entrevista:
“Meu estilo é cheio de mutação e divertido. Eu quero fazer roupas que tenham um valor estético real, mas que observe uma parte valiosa da vida, tornando-a mais confortável e mais divertida. Se é para pessoas com deficiência, o vestir-se por conta própria e ter orgulho na sua independência e no seu olhar quando saem para o mundo, é o objetivo. Buscamos muita reflexão e pesquisa objetivando a funcionalidade das roupas bem como a sua estética. Nós olhamos para a forma como as pessoas se deslocam e vestem suas roupas; fazemos testes com Pessoa com deficiência e sem deficiência para entender onde podemos colocar uma abertura que não vá ficar perdida ou sem estilo, e que possa fazer da peça multifuncional.

A verdade é que Chris Ambraisse conseguiu unir todos os pontos da moda ética. O que vemos em suas coleções e vídeos é uma moda extremamente impactante com base na alta costura, podendo ser usada por qualquer pessoa. Ele mesmo faz questão de destacar isso na passarela ao lançar mão de modelos com deficiência ou sem deficiência física. O minimalismo é a sua base, o que proporciona elegância extrema em suas peças que são feitas em tons monocromáticos. O editorial de seu catálogo é simplesmente luxuoso… O novo luxo – ético, inclusivo e sustentável.
23/09/2010
23/09/2010
Post by Lu Jordão

Moda Inclusiva – Desfile Show

Conforme anunciamos, na noite de ontem aconteceu o evento da Campanha “Ser Diferente é Normal” coordenada pelo Instituto Meta Social,  que trabalha há mais de 17 anos desenvolvendo ações junto à mídia para promover a inclusão social (http://www.metasocial.org.br).
O Objetivo do evento que tinha como tema “A Diversidade está na Moda”, foi aproximar a Pessoa com deficiência (PcD) também do universo fashion, a Moda Inclusiva. Um desfile show foi apresentado, modelos com e sem deficiência dividiram a passarela em condições de igualdade. As grifes Claudia Simões e Corpo e Alma, apresentaram suas coleções. Estiveram presentes também as marcas PUKET, QW Surf e a Maison Elo Avelar & Luy.  Fazemos questão de mencionar as marcas que estão com seu foco voltado para a Inclusão. Esta  atitude, além de ser empreendedora, é legal e agrega muito valor aos seus produtos. Precisamos realmente de marcas que tornem sua moda acessível… A moda para todos. Mais que isso! Que vejam as PcD como clientes que precisam ter suas necessidades atendidas como quaisquer outros clientes. São necessidades diferentes mas, não se pode negligenciar neste que é um mercado promissor devendo ser conquistado com ética,  bases justas e corretas.
Bem, esta foi a parte jornalística do blog Duas Moda e Arte para o evento.
Agora vou abordar o evento como a mulher, mãe e a pessoa Lu que esteve na platéia. Na realidade, fui para fotografar e postar aqui no Blog. Estamos escrevendo sobre moda inclusiva faz poucos meses. Um universo em que mergulhamos e, o quanto mais pesquisamos, mais queremos ouvir, conhecer e saber… Novas formas de postar, de ver a moda, de ver o próximo. Viver a diversidade. Quando cheguei a casa de espetáculos, fui envolvida pela alegria das crianças, adolescentes e adultos portadores de algum tipo de deficiência, seus amigos, parentes e familiares. A alegria era o sentimento que predominava no ambiente… A cada entrada na passarela, momento em que a inclusão saía dos tão bem escritos textos ou das leis criadas e, se concretizava num ato libertador e gerador de oportunidades, era uma emoção indescritível! Minhas fotos e filmagens saíram fora de foco… Fora de ângulo… Não sabia se deveria cumprir minha função como blogueira ou se me entregava àquele ambiente de inclusão, alegria e amor. Decidi me entregar porque escrever com alma, é melhor. Escrever com prática e acreditando naquilo que se escreve é vida! E eu acredito é nessa moda, a inclusiva. Eu acredito que a diversidade pode nos ensinar muito! E como tenho aprendido com esse novo olhar.
Foi uma noite marcante: música, moda, alegria, abraços, sorrisos, auto estima, parceria, valorização do próximo, respeito, troca – Isso é inclusão!! E  fez um bem enorme  me entregar a esse ambiente.
Não podemos viver inclusão sem refletir sobre ela. Conheça o site do instituto Meta Social e veja o trabalho lindo feito por eles. É responsabilidade da sociedade em todas as suas áreas respeitar a diversidade e adotar a inclusão como estilo de vida. Ouvir, olhar, conhecer e entender pessoas e necessidades diferentes das nossas. Afinal, a diversidade além de estar na moda, é um estilo de vida!
E para seguir incluindo, leia a nossa coluna desta semana no Coletivo Verde (www.coletivoverde.com.br). Escrevemos sobre Moda Inclusiva. Um estilista visionário com um trabalho lindo!
23/09/2010
Post by Lu Jordão
Este será um post muito especial sobre Moda Inclusiva – o novo olhar, a moda para todos! Aconteceram dois eventos  em que a inclusão fashion foi praticada, saindo dos belos textos teóricos, unindo Pessoas com Deficiência (PcD) e o mundo fashion. Vamos falar sobre os dois eventos aproveitando para divulgar três espaços lindos, inclusivos, antenados e riquíssimos em informações para aqueles que entendem a necessidade de viver a inclusão.
Um deles, já sou “fã de carteirinha”, o Blog da Audiodescrição. Paulo Romeu fala sobre a importância da Inclusão Cultural por meio do recurso da Audiodescrição, divulgando eventos, informações e registros de como caminha o cumprimento das leis a este respeito. Uma luta conduzida de maneira tão especial e digna que me conquistou. Nunca mais larguei o blog!!
No dia 01 de setembro, Paulo divulgou o Desfile de Moda com Audiodescrição em Limeira, ocasião em que pessoas cegas puderam sentir e praticar a moda inclusiva trabalhando sua auto estima e provando que não existem limitações. O impedimento real é o preconceito, que ao ser vencido, permite estabelecer o elo da igualdade de oportunidades.  Veja toda a cobertura do evento pelo link:http://blogdaaudiodescricao.blogspot.com/2010/09/cegos-desfilam-moda-da-inclusao-em.html .
Descrição das imagens: montagem com duas fotos, a primeira num plano distante 10 alunos acompanhando 10 PcD, reunidos na passarela onde será realizado o desfile inclusivo. Na segunda há um close de uma jovem aluna trajando saia preta, camiseta branca, acompanhando durante o percurso de desfile uma senhora cega que desfilou com blusa estampada fundo bege e flores em tons de rosa e verde  com calça preta. As duas estão sorrindo.
O segundo evento foi coberto por um outro espaço muito especial que Paulo Romeu me apresentou hoje, o Blog Conhecer Para Romper as Barreiras do Preconceito, da Psicóloga Cíntia Firmino, que divulgou a 1ª Mostra Cultural e Feira de Noivas & Debutantes, em São Bernardo do Campo, que aconteceu em junho, ocasião em que cadeirantes desfilaram lindamente em igualdade de oportunidades com as demais modelos participantes do evento. Conheça detalhes do evento neste link do Blog da Cíntia:http://rompendobarreiraspreconceito.blogspot.com/2010/09/modelos-cadeirantes-surpreendem.html
Descrição de Imagens: Montagem com duas fotos. A primeira em preto e branco, num plano distante mostra três modelos cadeirantes na passarela, com vestidos de noiva. A primeira com vestido mais longo, a segunda e terceira com vestidos mais curtos. A segunda foto é colorida e mostra um close da modelo cadeirante sorrindo num vestido de noiva longo, decote tomara que caia e cabelos elegantemente presos. Ao fundo da passarela vemos um banner rosa com o nome do evento e, ao lado esquerdo vemos parte da platéia.
Lendo a matéria de Cíntia, descobrimos as fotos da Fotógrafa Kica de Castro e chegamos a outro cantinho muitíssimo especial, o Blog da Fotógrafa que definiu a inclusão de maneira curta, leve e prática: “beleza e deficiência física não são duas expressões contraditórias” e, seu trabalho tem por missão tornar essa afirmação algo concreto. Kica é a gestora da única agência de modelos com deficiência no Brasil, inserindo-os no mercado publicitário. Ao ler o blog da Kica, o ambiente lindo, acolhedor, com uma proposta forte e extremamente bem definida, imediatamente meu “coração fashionista e inclusivo” foi aquecido! Visitem seu blog e sejam contaminados pelo vírus da inclusão :http://kicadecastro.blogspot.com/ . Faremos contato com Kica para tentar um entrevista!!
Como já registramos, nosso Blog tem por objetivo a divulgação da Moda,  da Arte, da Sustentabilidade e da Dignidade Social, por meio da inclusão. Nos apaixonamos pela Moda Inclusiva e pela Inclusão como um todo… A inclusão não é um simples sentimento… Entendemos como uma postura que faz nosso universo sair de nossas próprias necessidades e realidades, buscando entender moda como um todo – outras necessidades e outras realidades. Vivemos numa sociedade onde somos julgados por nossas características físicas. Nossa sociedade infelizmente condiciona o poder de executar ou de não executar, o normal e o não normal, o belo e o não belo ao que nossos olhos vêem. Nesta postura, limitamos e nos tornamos limitados…
Neste momento vamos trabalhar nosso grau de inclusão… Vou perguntar e pedir que você leitor (a) responda intimamente (a  boa e velha reflexão) – Qual é o seu sentimento ao ver num blog de moda e arte, de uma pessoa que não tem deficiência, fotos de pessoas cegas e cadeirantes em passarelas?? Será que passa por suas reflexões que mesmo sem poder enxergar, pessoas cegas gostam de andar em harmonia com as cores? Que gostam de vestir-se bem e serem elogiadas por sua aparência? Passa pela sua cabeça que essas pessoas tem direito a informações sobre moda, tendências, texturas? Já pensou que um cadeirante está totalmente apto a entrar em qualquer loja de roupa, receber um atendimento digno, ter um provador acessível e ao final sair com suas comprinhas  feliz por ter suas necessidades atendidas? Passa pela sua cabeça que esses consumidores hoje ocupam uma boa fatia do mercado de trabalho (consequência das leis estabelecidas) e movimentam recursos que os tornam um segmento promissor a ser trabalhado? Será que o direito de escolha em relação ao estilo, cores das roupas e tipos de sapatos foi tirado das PcD? Ou nunca lhes foi concedido este direito? Já pensou que PcD podem gostar que você se interesse por elas, por sua forma de sentir, de ver, de viver? E mais, passa pela sua cabeça que PcD se interessam pelo que você tem a dizer e a perguntar? Ou, você acha que a ausência da luz ou movimentos limitou essas pessoas a respostas negativas para todas as reflexões anteriores? Pode acontecer também de você chegar a conclusão de que nunca pensou ou lembrou da moda vinculando-a a PcD. O fato é que essa fatia da população, por puro preconceito ou até mesmo pela falta de informação, para a indústria da moda  fica distante deste universo fashion…
Entendemos que a moda tem dois grandes desafios nestes tempos :Sustentabilidade – a harmonia da indústria têxtil com a natureza e, aInclusão – fazer com que o mercado da moda enxergue PcD como potenciais consumidores que são e não como pessoas dependentes também na hora de escolher uma roupa – são aproximadamente 25 milhões de pessoas…
Estava lendo um texto da Pedagoga Karina Pagnez que dizia assim:“O conceito de normalidade, que é um atributo do sujeito a partir de critérios externos e sociais. Dessa forma, o normal e o anormal não se encontram dentro da pessoa, mas fora dela; ou seja, é aquilo que os outros percebem nesse indivíduo. Esse conceito é compreendido da seguinte forma: alguma coisa é normal. E o que é o normal? Aquilo que faz parte da norma? Isso está dentro de mim ou fora? Isso é uma convenção social e não tenho que encaixar dentro dos meus padrões. Preciso lidar com as diferenças. Hoje temos dois grandes monstros: o preconceito e a discriminação”. (fonte: Portal do Setor3)
Concluímos que além dos dois grandes monstros já destacados no texto acima- preconceito e discriminação, existe também o monstro da estagnação pela falta de conhecimento ou informações. Entendemos também que as características externas ou físicas não devem ser usadas para medir a capacidade de realizar e sim, a necessidade de inclusão e acessibilidade visando o atendimento de necessidades diferentes garantindo assim a obtenção de condições de igualdade no dia a dia – mercado de trabalho, cultura, lazer, saúde, educação e moda (um direito garantido por lei e uma atitude de cidadania e empreendedorismo, nunca um favor). Incluir é legal, é justo e faz muito bem às duas partes. Experimente!
Este é um dos posts que mais tocou nosso coração devido ao fato de vermos atitudes práticas nos dois eventos citados sobre Moda Inclusiva. Perceber o avanço em atitudes e informações é fantástico! Visitem as fontes citadas e cresçam no conhecer e seguir conhecendo sobre inclusão. Lembre-se: você é parte deste processo diário!
Observação: A descrição de imagens é um recurso simples que permite às pessoas cegas “ler” as imagens e compartilharem da parte visual dos posts. Tente praticar isso em seus blogs! Afirmo uma coisa: é extremamente gratificante  compartilhar sem barreiras!!!
05/09/2010
Post by Lu Jordão


Moda Inclusiva – Berlim dá Exemplo de Inclusão Fashion


[Descrição da Imagem: Modelo Mario Gallo com perna mecânica, desfilando na passarela trajando casaco preto, bermuda jeans e sapato tipo mocassim marrom. Há um close da perna mecânica mostrando os detalhes].

Recebi esta imagem em mais um delicioso e-mail da Socióloga Marta Gil, que como eu já disse, tem nos “incluído” no universo da Moda Inclusiva e da Inclusão como um todo.

Este foi um dos desfiles da Semana da Moda em Berlim, da marca Starstyling, na Alemanha. Mario Gallo é modelo e desfilou peças da coleção da grife (que por sinal, tem coisas muito interessantes em seu site). Vamos refletir? Olhando a imagem, que reações ou pensamentos ela provoca em você? Vou responder por mim.
  • Minha reação inicial: Vibrei com a superação das duas partes – modelo e grife.
  • Meu primeiro pensamento reflexivo: Achei maravilhosa a atitude da marca ao colocá-lo para desfilar de bermuda, não “camuflando” sua realidade – Isso de fato é a verdadeira inclusão! Mario é um modelo muito bonito… A marca poderia ter colocado uma calça comprida para que ele desfilasse… Mas, não!
  • Meu segundo pensamento reflexivo: Houve inclusão fashion de verdade, com demonstração na prática de que a diversidade é linda e que não impede Mario e nenhuma outra pessoa de executar seus objetivos.
  • Meu terceiro pensamento reflexivo: O que realmente pode nos impedir de praticar a inclusão? Em primeiro lugar não pensar, não refletir e não conhecer nada sobre o assunto. Em segundo lugar, achar que isso é assunto só para PcD (Pessoas com deficiência). Em terceiro lugar, não sentir-se parte de um processo que é para TODA a sociedade, em todas as esferas – lazer, cultura, moda, educação, saúde,trabalho, TV, Internet…
Quero discorrer neste segundo post de “Moda Inclusiva” sobre este terceiro pensamento reflexivo: “O que nos impede de viver a Inclusão?” Em primeiro lugar quero deixar claro mais uma vez que não sou uma especialista graduada em acessibilidade e inclusão… Mas,  por um encontro maravilhoso neste rico mundo virtual com duas pessoas muito especiais – Paulo Romeu do Blog da Audiodescrição e a Socióloga Marta Gil,  a inclusão social – principalmente na área de moda, passou a fazer parte de mim… Acho importante e gratificante demais poder disponibilizar espaço em nossas mídias compartilhando este conhecimento, essa necessidade e esse direito que todo ser humano tem: acessibilidade e inclusão.

Acessibilidade é um direito de todos e não um privilégio. Segundo o dicionário, é um substantivo que denota a qualidade de ser acessível. Mas, quando falamos em acessibilidade em contato  e ouvindo PcD, percebemos a amplitude do assunto. De acordo com a Campanha Acesso de Humor (veja selo “Incluvírus” em nossos blogs, clicando nele você chega ao material esclarecedor do Planeta Educação), “A acessibilidade é muito mais que uma rampa ou uma guia de calçada rebaixada. Ela deveria estar presente nas comunicações, TV, educação, trabalho, lazer e cultura. É ela que permite desfrutar, com autonomia, facilidade e dignidade, dos produtos e serviços que a sociedade oferece, em todas as áreas.”

Acessibilidade para quem? É bom andar em uma cidade com buracos? É confortável e seguro subir em ônibus com degraus altíssimos, com bolsas de compra ou carrinhos de bebê? Idosos que se deparam com a insegurança de escadas ou degraus irregulares, sem rampas para chegar ao seu destino? Elevadores com portas apertadas onde é impossível circular com um carrinho de bebê? Pisos que ofereçam riscos para crianças e gestantes? Você já ouviu falar de senhoras que prendem seus saltos altos e finos em escadas rolantes ou pisos irregulares e brigam por reparos junto aos empreendimentos que “causaram” o transtorno? Pois é… Estamos falando de pessoas que não usam cadeiras de rodas, que não são cegas… Pessoas que precisam de uma cidade que ofereça qualidade de vida. Chegamos a conclusão que acessibilidade é bom para TODOS. Para a PcD é um DIREITO (nunca um favor), a única maneira de ter autonomia, dignidade e INCLUSÃO. Promover acessibilidade é gerar oportunidades para que todos tenham condições de explorar os ambientes, serviços, cultura…  Vejam exemplos práticos de não acessibilidade que presenciamos em nosso dia a dia:

Acessibilidade em Moda: Vimos lojas onde é totalmente impossível um cadeirante circular para comprar roupas… São tantas as araras que fica claro que o cadeirante não foi lembrado naquele cenário… Estivemos observando os provadores de todas as lojas que entramos nestes últimos dias e percebemos que cadeirantes não conseguem experimentar roupas nos mesmos – são apertados… Alguns, até para mim foram desconfortáveis! – Estes já são pensamentos de inclusão e acessibilidade, que aos 30 e poucos anos passei a ter… Nunca é tarde, viu??

Acessibilidade em operadora de telefonia: Quando somos “contaminados pelo bichinho da inclusão”, como Paulo Romeu se referiu a este novo olhar, passamos a ficar atentos a tudo… Estava numa operadora trocando meu celular e entrou um rapaz surdo e mudo, comunicando-se pela linguagem de libras. Havia alguém preparado na e-nor-me operadora para atender ao jovem? Não! O rapaz, constrangido, puxou um papel onde certamente estava escrito o que o levara a loja… Mesmo assim as adaptações em seu aparelho não foram feitas por algum motivo. Falando sobre esta experiência com Paulo, do Blog da Audiodescrição, sabiamente ele me devolveu outra forte reflexão: “Lu, imagina esta pessoa chegando ao hospital sem conseguir fazer entender o que sente para obter socorro?”  Você já refletiu sobre essas coisas? Já refletiu de que maneira você, sua mídia, seu trabalho podem ser úteis para falar e praticar acessibilidade e inclusão??
Acessibilidade e Inclusão em Livrarias: Todo final de semana tem café e livraria com minhas filhotas. Amamos ler e todo esse universo que envolve os livros… Estávamos numa grande livraria aqui no RJ quando minha filha achou um livro escrito e braille. Ela já sabia do que se tratava porque sempre falamos sobre diversidade e inclusão com elas (dentro da linguagem acessível para suas idades). Achamos muito, mas muito importante estar abertos para a diversidade – é inteligente porque estimula a troca e  crescimento! Minha filha, movida pela curiosidade, procurou outros livros escritos em braille. Não achou! Procurou a atendente e perguntou onde poderia achar os outros. Para sua supresa, aos sete anos de idade, descobriu que em uma livraria enorme, só havia um livro escrito em braille. Questionou a vendedora, que respondeu: “mas você não precisa deste tipo de livros” [Ui! Doloroso]. Minha filha respondeu: ” Mas tem crianças que precisam… Elas nem dever estar aqui porque já sabem que não tem livros pra elas…” E, seguiu para casa nos questionando “Como vão fazer as crianças que precisam ler com os dedinhos mãe, com um livro só??”

Para que haja a Inclusão, é necessário que a diversidade seja respeita, proporcionando a TODOS o direito de conviver no mesmo espaço, com dignidade e autonomia. Mario Gallo conseguiu vencer os “bloqueios fashions” [inclusive a ditadura da estética] e exercer seu ofício em condições de igualdade com os demais modelos que desfilaram para a marca Starstyling na semana da moda em Berlim. Para isso houve de um lado a força de Mário em não se fechar nas suas dificuldades, de outro, a atitude da grife em praticar a INCLUSÃO e, assim, esta palavra saiu dos textos e foi praticada em sua essência, gerando essa imagem linda que temos no início do post.

Para finalizar este segundo post, deixo claro que ainda tenho muito a aprender e, além dos contatos já mencionados neste post, estaremos também em contato com o CVI – Rio objetivando usar nossos blogs de uma maneira bem efetiva abordando com clareza a Moda Inclusiva de maneira real, leve e prática. O Centro de Vida Independete tem por objetivo contribuir para a formação de uma sociedade inclusiva.

Visite alguns sites que podem proporcionar esclarecimentos, experiências e um novo olhar sobre Acessibilidade e Inclusão:
Centro de Vida Independente:
Amankay Instituto de Estudos e Pesquisas:
Site Bengala Legal (textos maravilhosos!!)
Blog da Audiodescrição (Registros, informações depoimentos sobre a luta pelo acesso pleno a cultura em cinemas, TV e teatro):
Que a imagem no início do post possa fazer você refletir sobre o tema Moda Inclusiva e Inclusão como um todo! Você é parte desse processo… Eu sou parte desse processo!
Foto: Site Uol e Fonte de Pesquisa: Acessibilidade e Inclusão – Planeta Educação
Post by Lu Jordão
18/07/2010

*Moda Inclusiva*

Em nosso primeiro post dentro do espaço “Moda Inclusiva”, queremos definir de maneira bem simples esse termo, sem muitas palavras bonitas ou técnicas pois o entendimento não está em nenhum desses dois recursos. Quando falamos em “Moda Inclusiva”, falamos simplesmente em um novo olhar… O fazer moda respeitando a diversidade – moda plus size, moda para gestantes, e moda para Pessoa com Deficiência (PcD). Esta última, será nosso tema aqui em “Moda Inclusiva”… Estamos levantando material, pesquisas junto a lojas, marcas e Pessoas com Deficiência para conduzir o tema de maneira prática e útil. Enquanto esse processo ocorre, vamos falar sobre pequenas atitudes que não são nenhum favor a sociedade mas, acima de tudo um excelente negócio, pois o númeo de PcD no Brasil, determina um mercado bem grande a ser atendido e, bem atendido!

Em nossas pesquisas pelo mundo virtual, chegamos a empresa Haco Etiquetas, que criou etiquetas em Braille para atender a marcas de roupa que tenham a visão de  praticar “Moda Inclusiva” e, também prosperar seus negócios. Achei interessante demais a forma como a Haco “vendeu” ou “promoveu” seu produto: “A sua marca pode ser vista e sentida através de uma nova linguagem da moda” e  “A moda ao alcance das mãos“. Estes slogans definem bem demais não só as etiquetas em Braille mas a visão que o mercado e o mundo da moda devem obter. Volto a afirmar… Aderir as etiquetas em Braille não seria um favor das marcas para um grupo de pessoas e sim, uma grande oportunidade de negócio e principalmente de inclusão. Da mesma maneira que no passado era muito difícil para uma pessoa que vestisse numeração acima de 44 achar algo “fashion” e, hoje existem lojas lindas especializadas em modelos plus size (houve inclusão para este grupo!!), nosso objetivo é que uma fatia do mercado descubra o grande negócio e a magia da inclusão fazendo “Moda Inclusiva”, para PcD. Quando nós fashionistas pregamos democracia da moda e estilo, não podemos esquecer que deficientes visuais precisam de estilo, autoestima e acima de tudo autonomia, independência para se vestir. As etiquetas em Braille são um bom início… Atenção grifes!! 

Vejam que lindo o trabalho da Haco:
Conheça o site da Haco
Vamos refletir sobre esta primeira matéria e estabelecer um prazo para que isso se dissemine no mercado da moda… Este prazo? Vai depender das informações compartilhadas, do coração voltado para inclusão e do empreendedorismo para investir em uma área promissora: “Moda Inclusiva”.

Conheça o Blog da Audiodescrição (um movimento para Inclusão Cultural):

Post By Lu.
08/06/2010